segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Ah, se eu não tivesse medo...

Eu queria ser dessas pessoas afetuosas. Queria muito. Queria abraçar sem neuras e dar beijinhos estalados.Queria não hesitar segundos antes de encostar a cabeça nos ombros mais próximos. 

Eu sempre hesito. Queria dizer. Eu sempre sinto, sinto muito, sinto tanto, sou cheia dos sentimentos, mas raramente digo. Acho que as pessoas acabam adivinhando. Queria que não fosse preciso adivinhar. Sei que meus olhos são bons em dizer, mas eu queria dizer, dizer mesmo. Escuta, meu amor. Olha, meu bem. Meu amor. 

Penso duas vezes antes de tudo. Penso duas vezes e muitas vezes não faço. Fazer é sempre um exercício - um exercício tímido de que tem medo de invadir. Queria não ter medo. 

Ah, se eu não tivesse medo...

sábado, 4 de janeiro de 2014

Confusão psíquica ou hormonal?

Acho que sou bipolar, mas admito. Eu não fui ao psiquiatra para me diagnosticar. Eu não tomo remédios controlados, e não sofro propriamente de instabilidade de comportamento, desses que me levam da euforia extrema à depressão profunda. Na verdade me expressei mal. Meu coração é bipolar, não eu. Eu sou apenas o invólucro onde ele habita, totalmente desgovernado e cheio de si, dono dos meus passos. 

Acontece que cada dia, principalmente na TPM, ele (o coração desgovernado) toma para si um novo papel. Seja o apaixonado, seja o insensível. Mas qualquer papel que seja, tem a intensidade de ser inteiro, de tomar conta de mim completamente. A verdade é que hoje eu posso amar com todas as forças, posso ser solícita e doce, posso ser compreensiva e sorrir pra você. Amanhã já não sei.Meu coração acorda de acordo com a própria vontade.

Desculpa! eu não tenho controle sobre ele. Amanhã você pode ser um estranho, alguém que eu nem quero mais na minha vida, ou que eu não vou me esforçar para agradar. Amanhã, quem sabe, você não caiba no meu peito, não haja espaço pro seu jeito. Desculpa, eu não tenho controle sobre ele!

Acontece, ainda que hoje, eu posso te querer por perto e pra sempre, mesmo sabendo que o pra sempre do meu peito dura apenas as próximas 24 horas. E no momento seguinte, quando você virar as costas, eu simplesmente pense: eu nunca mais quero te ver. Ou eu posso ainda acordar sem graça e sem viço e o coração acordar comigo, mas como se não batesse. Um coração insensível, sem espaço pro sentido, vazio. Um ninho intocável onde habita a solidão.

E no fim do dia, seja qual for o sentimento, o mais absurdo, o mais intenso, é todo meu e me toma, corpo e alma e coração.